Lembro-me dos meus tempos de criança, tempos onde me apaixonei quase imediatamente pelo conceito de "herói" sem saber o que realmente significava. Estava eu no meu 2º ano de escolaridade e passei o Carnaval disfarçado de Spider-Man a fazer todo o tipo de barulhos, saltos e brincadeiras que possam imaginar. A partir desse dia, sempre que ia buscar aquela máscara aos arrumos da casa da minha avó para a usar (muitas das vezes à socapa), sentia-me como se fosse o verdadeiro Spider-Man. Ainda hoje me recordo desses sentimentos: dono do mundo, poderoso, enfim, é difícil colocar em palavras. No entanto, apesar deste fanatismo, esta paixão vinha simplesmente do quão "fixe" eu achava os seus poderes e o fato.
Foi apenas com a primeira trilogia de filmes de Spider-Man de Sam Raimi que realmente comecei a perceber quem é o homem por detrás da máscara: Peter Parker, um jovem sem pais que vive com os seus tios, pobre, um estilo "nerd" que o faz ser motivo de chacota na escola, dificuldades no trabalho... mas acima de tudo, com um grande coração.
Mesmo depois de receber os seus poderes, Peter continua com estes problemas que o atormentam tanto na vida pessoal como na vida de herói. Seja a perda de um ente querido ou problemas em enfrentar um inimigo, a realidade é que Peter NUNCA tem um final feliz, no entanto, a única solução é seguir em frente, enfrentar as adversidades independentemente da dificuldade e tentar dar sempre o seu melhor para salvar as pessoas.
O que torna esta personagem um exemplo e um ídolo, é o quão fácil é relacionar-se com ela. É por isso que sempre que sai um filme ou videojogo onde o meu herói favorito seja protagonista, eu tenho de o ver/comprar. Nos últimos 10/15 anos, poucos foram os filmes ou jogos que capturaram a verdadeira essência daquilo que é ser um "herói", daquilo que é ser Spider-Man... até que chegou a Insomniac Games.
Quando foi revelado o primeiro jogo Spider-Man da Insomniac em 2016, fiquei imediatamente entusiasmado. Graficamente o jogo estava incrível, e à medida que notícias foram saindo, a minha ansiedade foi aumentando. Foram 2 anos que passei a pensar como seria o jogo, sabendo que até à data ainda ninguém havia feito algo absolutamente incrível com a personagem na indústria dos videojogos, e, felizmente, assim que o jogo lançou em 2018, percebi que não fui desiludido.
Não irei analisar a fundo aquilo que senti a jogar o primeiro jogo, até porque irei abordar esses assuntos mais à frente, no entanto aquilo que posso dizer é que voltei a ser aquele miúdo completamente babado pelo seu ídolo, só que desta vez com um sentimento mais profundo, pois todas as escolhas de Peter tinham consequências, tanto até que foi obrigado a escolher entre salvar a cidade inteira de uma pandemia, ou salvar apenas a sua tia May que já estava infetada. Obviamente escolheu salvar a cidade, no entanto perdeu a sua tia que tanto ama. Outro momento determinante é o facto de Peter perder o seu ídolo e mentor Doctor Octavious, que apesar de saber da verdadeira identidade de Peter, resolveu lutar com ele depois de libertar esse mesmo vírus que infetou a cidade, acabando por ser preso e desiludir o nosso herói, tendo até este dito "Eras tudo o que eu queria ser, e escolheste deitar tudo a perder".
Como já disse anteriormente, Peter nunca vence, mas encontra sempre as forças para se erguer e continuar a ser o herói e a pessoa que é... e foi o que fez nesta história vezes sem conta.
Peter com a sua tia May pela última vez
Eis então que foi anunciado Spider-Man: Miles Morales, o segundo jogo desta história da Insomniac Games, que chocou muita gente ao nos mostrar que o protaqgonista iria ser Miles Morales e não Peter Parker. De facto, no primeiro jogo, Miles perdeu o seu pai numa explosão e tornou-se bastante próximo de Peter, tendo depois sido mordido por uma aranha modificada em laboratório que lhe deu os poderes de Spider-Man (e mais alguns que irei abordar daqui a pouco). Miles resolveu contar esse segredo a Peter, tendo este também revelado o seu imediatamente depois.
Spider-Man: Miles Morales coloca-nos um ano depois dos acontecimentos do primeiro jogo, onde entendemos que Peter é o mentor de Miles e o está a ensinar a ser um herói. Leva-o em todas as suas missões, porém não consegue evitar que o jovem aprendiz cometa erros, como por exemplo na primeira missão do jogo, onde Miles derruba o helicóptero que transportava reclusos para o Raft (prisão de alta segurança), libertando assim Rhino, que causou imensos estragos à cidade antes de finalmente ser capturado pelos Spider-Men, momento este no qual aparece um misterioso homem chamado Simon Krieger que agradece o trabalho dos heróis, garantindo que entregará Rhino às autoridades.
Logo depois disto, Peter revela que vai abandonar Nova Iorque durante algumas semanas e entrega um novo fato a Miles como prenda de Natal (o clássico vermelho e azul), ficando assim o jovem com apenas 17 anos com uma pressão enorme para proteger uma cidade inteira sozinho.
Naturalmente, não se sente pronto, mas sabe que o único caminho é para a frente. Neste pequeno excerto de 2 parágrafos, aposto que algum de vocês já se relacionou com isto: ter uma pressão enorme numa idade tão jovem. Claro que nenhum de nós teve de proteger uma cidade inteira sozinho, mas já tivemos de tomar decisões de vida, passar por dificuldades e também por incertezas na nossa adolescência. Ora, o que resolve este nosso sentimento? Procurar um exemplo a seguir, alguém que admiremos e nos faça querer ser exatamente como eles... e é isso que Miles faz nesta história... O Spider-Man é o seu ídolo, ele faz de tudo para ser como ele... por isso é que no início da história, sempre que Miles fala de Spider-Man, refere-se a Peter e não a ele. Sempre que comete um erro o pensamento dele é "O Spider-Man nunca faria isto", "O que é que ele faria?", "Como posso replica-lo?". Apenas quando Miles destrói uma ponte com os seus poderes é que o seu melhor amigo Ganke o faz entender que não pode tentar ser igual ao outro Spider-Man porque, primeiramente, os seus poderes são diferentes, ou seja é um herói diferente, e, seguidamente, a diferença de idades é abismal (Peter com 24 anos e Miles com 17). É aqui que Miles acorda, faz o seu próprio fato e decide resolver as coisas à maneira dele. Liberta-se das cores do seu ídolo (vermelho e azul), e passa a usar um fato preto e vermelho, com um design mais relaxado e criativo, muito à imagem da pessoa que é.
Fato que Peter deu a Miles no Natal
Esta pequena sequência demonstra o quão bem a Insomniac Games percebe o Spidey. Metáfora atrás de metáfora que representa a evolução do ser humano ao longo da vida, ou seja, a busca pela sua própria identidade. Vejam a quantidade de simbolismos que há aqui:
"Personalidade". É a palavra que atribuo a este jogo. Pretende dizer-nos que tecnicamente todos nós somos como o Spider-Man, todos nós temos dificuldades e todos nós temos de procurar resolver as coisas à nossa maneira, aceitar a nossa identidade e não moldar a nossa vida com base na vida de alguém que admiramos. Todos nós somos os heróis das nossas próprias histórias.
No final do jogo, Miles perde a sua melhor amiga Phin após esta se sacrificar para salvar o bairro de Harlem. Phin colocou o bairro em risco involuntariamente ao tentar demolir o edifício da empresa que matou o seu irmão, tendo lutado inúmeras vezes com Miles que a estava a tentar impedir de o fazer.
É aqui que entra aquilo que disse anteriormente: o Spider-Man nunca vence. Neste caso, Miles conseguiu salvar o bairro, mas não conseguiu impedir a sua melhor amiga de cometer um ato incorreto que levou ao seu sacrifício. É aqui que os dois Spider-Men se voltam a encontrar. Um perdeu a sua tia a salvar a cidade e o outro perdeu a melhor amiga a salvar um bairro. Ambos refletem acerca das suas responsabilidades e questionam se algum dia o trabalho fica mais fácil apesar de saberem a resposta. Apesar do seu luto, Miles está disposto a continuar e assim que soam as sirenes da polícia, ambos partem para resolver outro crime, assim como nós temos de seguir em frente quando nos sentimos perdidos. Aqui está a cena:
Para terminar, apenas quero agradecer à Insomniac Games por não desiludir os fãs desta fantástica personagem. Não há empresa mais perfeita para ter um trabalho destes nas mãos. Fico à espera do próximo, que certamente irá ser repleto de coisas extraordinárias assim como nos primeiros 2 jogos. Obrigado também por me fazerem lembrar da minha infância... posso dizer que ano após ano ainda me identifico mais com o conceito de Spider-Man mas principalmente com o conceito de herói. Tal como disse Stan Lee "That person who helps others simply because it should or must be done, and because it is the right thing to do, is indeed without a doubt, a real Super-Hero."
Vou também deixar aqui o vídeo que melhor expressa os meus sentimentos acerca deste jogo. A todos aqueles que leram tudo, um GIGANTE obrigado!
Mais uma corrida, mais uma vitória de Evans, que mais dizer? O homem tem uma história de amor nesta cidade em que nada é platónico. Com a pole position em Jean-Éric Vergne, que depois acaba num terceiro lugar, o Francês, leva então com ele a liderança do campeonato na antecipação ao Mónaco. Depois de uma infeliz primeira corrida, Félix da Costa volta a deixar o rumo da corrida pô-lo numa situação complicada. O campeonato está ao rubro, existem disputas e recuperações para ser feitas. O desenvolvimento destes monolugares voltam a dar voltas e voltas na grelha, exatamente como a Fórmula E nos tem habituado. A próxima disputa está marcada no principiado, onde voltaremos com mais uma corrida celeremente entusiasmante. Artigo por: Ricardo Faria Direitos de Imagem: Sam Bloxham / LAT Images
Max Verstappen and his race engineer - Getty Images / RB Content Pool Bem, estamos aqui para mais uma análise, esta é tardia, eu sei, num Grande Prémio que foi muito importante. Peço desculpa, caros leitores, mas por vezes, a universidade altera os planos e horários de nós mesmos. Por exemplo, são exatamente 7:18 da manhã de sábado, estou à espera de duas amigas que foram a Praga; elas perderam uma mochila e o meu grupo conseguiu encontrá-la com o pedido e ajuda delas, claro. Tudo isto para dizer, nem tudo o que parece é, e que melhores palavras para descrever o fantástico inaugural GP de Miami. Foi uma corrida entusiasmante, muitas ultrapassagens, boas lutas; aquela manobra do Vettel na entrada das chicanes, e muito mais. Não haverá muito mais a dizer, já lá quase vão duas semanas e já quase tudo foi dito. Quis realizar este mesmo post apenas para deixar claro que não me esqueci de vós. Agora, a detalhada análise das acrobacias feitas no Mundial de Fórmula 1 pelos lados da Catalunha. ...
Se na Conferência Oeste tivemos a peripécia dos Los Angeles Lakers, na zona este da NBA foi possível acompanhar outra realidade igualmente dececionante. Os Brooklyn Nets protagonizaram uma temporada repleta de momentos polémicos, que culminou numa caminhada muito abaixo das expectativas cimentadas no passado mês de outubro. Não esperava escrever hoje que os Nets foram a única equipa sem arrecadar uma vitória na primeira ronda dos playoffs mas, de facto, foi isso que aconteceu. Sem tirar qualquer mérito à grande equipa que os Boston Celtics construíram este ano, em conjunto com um candidato a treinador do ano, deu para perceber que muito do que aconteceu ao longo da série foi muito devido a um visível desinteresse por parte da formação de Steve Nash. A quem podemos atribuir a culpa? Kyrie por escolher falhar metade dos jogos devido à vacina? Kevin Durant por não conseguir ser uma voz de liderança? James Harden por desistir da equipa e levar os seus talentos para Philadelphia? Fic...
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