Créditos: USA Today |
Um artigo de: Miguel Pires
Damian Lillard não vive sem CJ McCollum, e CJ McCollum não vive sem Damian Lillard. Pelo menos foi esta a ideia por uns longos nove anos, até que, esta terça-feira, os Portland Trail-Blazers decidiram terminar o casamento ao qual os adeptos já estavam habituados. McCollum foi enviado para os New Orleans Pelicans, a troco de Josh Hart, Thomas Satoransky, Nickeil Walker-Alexander, Didi Louzada, e ainda uma pick protegida de primeira ronda de 2022 e duas de segunda ronda.
No entanto, coloquemos as burocracias de parte. O negócio está feito, mas e o que fica da história entre os dois jogadores? Infelizmente, não são muitos os momentos de glória partilhados pelos atletas. Ano após ano, permaneceu aquele sabor desgostoso de ver duas estrelas de alto calibre falhar em colocar a equipa nos voos mais altos dos play-offs - apenas chegaram às finais da conferência por uma vez (2018-19).
Responder à questão do 'porquê' das coisas nunca terem corrido da forma desejada não é fácil, mas vamos por partes. Em primeiro lugar, Lillard foi escolhido pelos Blazers um ano antes de McCollum aparecer, logicamente para ocupar a posição de point-guard, uma vez que a equipa de Portland, na época, não possuía o chamado 'jogador estrela'. Rapidamente singrou na equipa e venceu o prémio de Rookie of the Year.
Ora, ser point-guard é uma grande responsabilidade, uma vez que se trata do jogador que, na maioria dos casos, vai ter a bola nas mãos durante mais tempo para tomar decisões, seja para passar ou para lançar ao cesto. Quando CJ McCollum foi escolhido em 2013, estava registado como um jogador desse estilo: dominador de bola e ativo na busca de pontos. Foi devido a isso que, durante os primeiros dois anos, não passou de um mero reserva, até aceitar um papel como shooting-guard, uma posição usualmente de pouca posse de bola, mas com protagonismo em desmarcações para realizar cestos com maior facilidade.
Foi então aí que começaram os 'felizes problemas', se é que os podemos assim chamar. Dois jogadores de grande qualidade, mas cujos estilos de jogo são demasiado semelhantes para coexistirem no mesmo espaço. Tanto Lillard como McCollum demonstram pouca qualidade para agir sem bola, o que levou a que, sempre que um tem uma noite memorável, o outro tem uma noite para esquecer. Tornou-se impossível equilibrar os números, mas, claramente, todos sabiam que Lillard era o melhor jogador, sendo portanto McCollum o mais sacrificado.
Ofensivamente, foi esse o problema, mas a equipa também sofreu bastante defensivamente. Os dois atletas são baixos, principalmente McCollum, tendo em conta a posição à qual foi adaptado, o que cria uma grande desvantagem quando confrontados com adversários diretos de maior estatura em quase todos os jogos. Estes dilemas, em conjunto, foram expostos nos play-offs, ano após ano.
Mas e então porquê a demora desta troca? De facto, o desfecho tornou-se previsível há mais de três anos, no entanto, não há nada como garantir bilheteiras quando um clube de uma cidade de pouco mercado tem a felicidade de possuir dois excitantes talentos. McCollum tornou-se no mais dispensável, tanto pela direção, como pelos adeptos, mas certamente que, do nível financeiro, não foi uma decisão fácil de tomar.
Os Blazers afirmaram que pretendem construir a equipa em torno de Lillard, uma decisão que, apesar de ser a vontade do clube há nove anos, apenas agora se tornou absoluta após a troca de McCollum, que era uma grande barreira à progressão da equipa.
Resta agora saber se, caso a reformulação do plantel não corra da melhor forma, irão continuar a 'abusar' da lealdade de Lillard para vender bilhetes, ou se serão humildes o suficiente para recomeçar do zero o mais cedo possível.
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